Braga Netto é acusado de acessar informações sigilosas da delação de Mauro Cid
O general da reserva Walter Braga Netto, ex-ministro do governo Jair Bolsonaro e candidato a vice-presidente em 2022, foi preso na manhã deste sábado (14) pela Polícia Federal (PF). O pedido de prisão preventiva decorre de sua tentativa de acessar informações sigilosas da delação premiada do ex-ajudante de ordens Mauro Cid.
Detalhes da delação de Mauro Cid
Mauro Cid, ouvido em 21 de novembro e 5 de dezembro, forneceu informações cruciais sobre a suposta participação de Braga Netto em uma trama golpista. O plano, denominado “Punhal Verde e Amarelo”, incluía medidas como o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice Geraldo Alckmin, e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Segundo a apuração, Braga Netto teria pressionado potenciais delatores e mantinha documentos sobre as declarações de Mauro Cid em sua sede no Partido Liberal (PL).
Essas revelações foram fundamentais para que Mauro Cid garantisse os benefícios de sua delação premiada, incluindo a detalhada exposição do papel de Braga Netto na tentativa de abolição do estado democrático de direito.
Relatório aponta Braga Netto como figura central
De acordo com o relatório final da Operação Contragolpe, Braga Netto é citado 98 vezes em 884 páginas. Ele é descrito como peça-chave no planejamento operacional das ações coercitivas, elaboradas por militares investigados em reuniões realizadas em Brasília, nos meses de novembro e dezembro de 2022.
Entre as ações previstas no plano estavam o assassinato de Lula e Alckmin, além da prisão de Alexandre de Moraes. A PF afirma que Braga Netto participou ativamente tanto do planejamento quanto da obstrução das investigações.
“A sua participação concreta nos atos relacionados à tentativa de golpe de Estado está evidenciada nos elementos probatórios colhidos ao longo da investigação”, declara o relatório.
Defesa e buscas em endereços ligados ao general
A defesa de Braga Netto nega qualquer envolvimento com planos de golpe ou assassinato e afirma que ele não teve conhecimento de documentos relacionados ao caso. Até o momento, não houve manifestação oficial sobre a prisão.
Além da residência do general em Copacabana, no Rio de Janeiro, buscas estão sendo realizadas em outros endereços ligados a ele. Entre os investigados está o coronel da reserva Flávio Peregrino, principal auxiliar de Braga Netto, que foi alvo de uma medida cautelar diversa da prisão.
Contexto da Operação Contragolpe
A operação, conduzida pela PF, resultou no indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outros 36 envolvidos. Eles são acusados de tentativa de golpe de Estado, abolição do estado democrático de direito e organização criminosa. As investigações continuam, com novas revelações sobre o alcance e os detalhes da trama.