Câmara aprova em segundo turno a PEC do corte de gastos; texto segue para o Senado

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Câmara dos Deputados

A Câmara dos Deputados aprovou, em segundo turno, a PEC 45/24, conhecida como PEC do corte de gastos, que estabelece medidas para reduzir despesas obrigatórias e ampliar o espaço para gastos discricionários no orçamento federal. O texto foi aprovado por 348 votos a favor e 146 contra e agora será enviado ao Senado.

Principais mudanças aprovadas

Abono salarial (PIS/Pasep)

  • O benefício, atualmente pago a quem recebe até dois salários mínimos, será reduzido para trabalhadores que ganhem até 1,5 salário mínimo a partir de 2026.
  • O valor de referência será corrigido apenas pelo INPC, deixando de considerar o ganho real do PIB, o que restringirá o número de beneficiários.

Fundeb

  • Até 10% dos recursos do Fundeb poderão ser destinados à criação de matrículas em tempo integral a partir de 2025, com indicadores de qualidade e redução de desigualdades.
  • Estados e municípios deverão reservar, no mínimo, 4% dos recursos do Fundeb para educação em tempo integral a partir de 2026, conforme metas do Plano Nacional de Educação.
  • Recursos do Fundeb poderão complementar programas como alimentação e saúde escolar.

Supersalários

  • A PEC determina que as exceções ao teto do funcionalismo público serão definidas por lei ordinária, eliminando a exigência de lei complementar, que demanda maior número de votos.

Desvinculação de Receitas da União (DRU)

  • Prorrogada até 2032, permitindo ao governo utilizar 30% das receitas vinculadas de forma livre, exceto fundos específicos como o Fundo Social do pré-sal e royalties destinados à educação e saúde.

Limites de vinculação até 2032

  • Novas vinculações de receitas a despesas primárias, como saúde e educação, não poderão crescer acima do limite do arcabouço fiscal (2,5% ao ano).

Incentivos tributários

  • Uma lei complementar será criada para regular concessões e ampliação de benefícios tributários, além de permitir ao governo federal limitar despesas com subsídios e subvenções para respeitar o teto fiscal.

Impacto fiscal e social

A proposta faz parte do esforço do governo para alcançar a meta fiscal, reduzindo o crescimento das despesas obrigatórias, que hoje pressionam o orçamento. Entretanto, medidas como a redução no alcance do abono salarial e as mudanças no Fundeb geraram críticas de parlamentares e especialistas.

O relator, deputado Moses Rodrigues (União-CE), afirmou que o ajuste é necessário para “compatibilizar responsabilidade fiscal com a manutenção de projetos sociais”. Apesar disso, opositores destacam os potenciais impactos negativos nas áreas de educação e assistência social.

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